quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O SERMÃO DO MONTE: CONCLUSÃO


Chegamos ao final dessa aula maravilhosa que Cristo ministrou aos seus discípulos. O Mestre expôs publicamente a visão do Reino de Deus sobre o cumprimento da Lei dada aos homens e refutou a forma como os líderes religiosos a interpretavam - o Messias estava trazendo a mensagem das Boas Novas aos homens.

No capítulo 7, Jesus encerra seu discurso com os temas mais "polêmicos" do sermão:


- Julgamentos contra o próximo / desperdício de tempo com os tolos


- Perseverança na oração

- Os dois caminhos

- Os falsos profetas e seus frutos / quem entrará no Reino dos Céus?

- A verdadeira sabedoria



"Não Julgueis para que não sejais julgados"



Com certeza esse é o texto fora de contexto MAIS UTILIZADO no meio cristão para ENCOBRIR PECADOS E HERESIAS. Líderes utilizam o "chicote" do "não julgueis" para amedrontar os membros das congregações de várias formas diferentes: ou porque ele é "o ungido do senhor", ou porque "se não dizimar o devorador vai entrar"...as desculpas são inúmeras.

Mas o que será que Jesus quis dizer com o fato de "não julgar"?

Vejamos o contexto completo. O texto está em Mateus 7:1-5:





"Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós. Por que reparas tu o cisco no olho de teu irmão, mas não percebes a viga que está no teu próprio olho? E como podes dizer a teu irmão: Permite-me remover o cisco do teu olho, quando há uma viga no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho de teu irmão."






A questão aqui não é o JULGAR mas o CRITÉRIO que utilizamos para julgar.







"com o critério com que julgardes, sereis julgados"





Jesus veio estabelecer o REINO DOS CÉUS na terra dos homens. Portanto, o cristão não é PROIBIDO de julgar mas orientado a utilizar a PALAVRA DE DEUS como critério de julgamento. Ora, se a pessoa não tiver CONDIÇÕES de julgar de acordo com a ótica de Cristo, NÃO JULGUE.



Por fim, Jesus conclui o raciocínio:


"Não deis o que é sagrado aos cães, nem jogueis aos porcos as vossas pérolas, para que não as pisoteiem e, voltando-se, vos façam em pedaços".



Leia mais sobre esse contexto aqui.





Só podemos orientar alguém sobre o que temos conhecimento. A questão de "reparar no cisco do olho do irmão" fala sobre isso: como podemos apontar o erro de alguém se passamos pela mesma situação e nada fazemos?

Vejamos o que aconteceu ao cego de nascença que foi curado por Jesus (o texto completo está em João 9): ele foi levado à presença dos líderes fariseus para que a cura fosse atestada, pois era um sábado. Ao ser indagado sobre quem o havia curado, respondeu que Jesus com certeza vinha da parte de Deus e era profeta. Porém, os fariseus responderam a ele:

“Tu que nasceste repleto de pecados, pretendes nos ensinar?” E o excluíram. (Jo 9:34)


É exatamente isso que acontece atualmente no meio cristão: as pessoas que recebem a visão do Reino de Deus através de Cristo são julgadas simplesmente por não terem títulos ou influência entre os "príncipes ungidos". São excluídos, expulsos, taxados como rebeldes, descrentes....e por aí vai.

Só que Deus não vê dessa forma. Veja o que o apóstolo Paulo diz em 1 Coríntios 1:26-29.


"Irmãos, contemplai a vossa vocação! Pois não foram convocados muitos sábios, de acordo com critérios humanos, nem muitos poderosos, nem tampouco nobres. Pelo contrário, Deus escolheu justamente o que para o mundo é insensatez para envergonhar os sábios, e escolheu precisamente o que o mundo julga fraco para ridicularizar o que é forte. Ele escolheu o que do ponto de vista do mundo é insignificante, desprezado, e o que nada é, para reduzir a nada o que é, com o objetivo de que nenhuma pessoa se vanglorie perante Ele".



Para maior compreensão do assunto, recomendamos que assistam a este vídeo.



"Pedi, e vos será concedido"



Esta passagem é utilizada por muitos adeptos da famigerada teologia da prosperidade para lotar os templos de multidões de "mendigos espirituais" que nada querem do Evangelho, apenas as bênçãos e promessas. Leia mais sobre essa aberração aqui.

A ideia deles é que "tudo o que pedirmos o Pai concederá, pois somos filhos e ele não nos negará um pedido".




Veja o contexto completo (Mateus 7:7-12):


"Pedi, e vos será concedido; buscai, e encontrareis; batei, e a porta será aberta para vós. Pois todo o que pede, recebe; o que busca encontra; e a quem bate, se lhe abrirá. Ou qual dentre vós é o homem que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se lhe pedir peixe, lhe entregará uma cobra? Assim, se vós, sendo maus, sabeis dar bons presentes aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará o que é bom aos que lhe pedirem! Portanto, tudo quanto quereis que as pessoas vos façam, assim fazei-o vós também a elas, pois esta é a Lei e os Profetas".


1) Jesus estava falando com os discípulos (ver Mt 5:1);
2) O ato de pedir e ser atendido é exclusividade dos filhos de Deus (ver Jo 1:12-13, 1 Jo 3:1, Rm 8:16-17, Gl 4:4-5)
3) Mesmo sendo filhos, os seres humanos são pecadores, por isso a expressão "vós, sendo maus". Nisso está a graça e misericórdia de Deus: não somos dignos de recebermos nada e mesmo assim Ele nos concede porque nos ama!

Lembrando que o próprio Jesus nos orienta a pedirmos as coisas conforme a vontade de Deus e somente em Seu nome. Leia João 14:13, 15:16, 1 Jo 5:14.





"Entrai pela porta estreita"








"Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que levam à perdição, e muitos são os que entram por esse caminho. Porque estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida, apenas uns poucos encontram esse caminho!" Mateus 7:13-14



O mundo sempre nos oferece diversos "atalhos". O Reino de Deus não. Só existe um caminho e uma porta (Jesus). Jesus diz: “entrai pela porta estreita”! Jesus dita uma ordem em tom de seriedade e advertência. Mas o que isso significa para nossa vida prática?




A porta estreita




Em Jo 10.7, Jesus diz: “em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.” Ainda em Jo 14.6, Ele diz: “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim”. A porta, nesse sentido não se trata apenas de um conjunto de normas, regras ou princípios de comportamento religiosamente produzidos. Entrar pela porta e trilhar o caminho estreito é estar disposto e pronto para o confronto, abnegação, renuncia, humilhação e morte: assim como Jesus o fez. A porta estreita representa também a santificação, a nossa disposição no coração de abandonar a velha vida carregada de pecados. No caminho estreito não há espaço para os desejos da carne nem para o pecado. 1 Jo 3:9 diz: “aquele que é nascido de Deus não vive na pratica do pecado”.

Mas esse caminho promete vida abundante em Cristo. Em Jo 10.9 Ele diz: “Eu sou a porta, todo aquele que entrar por mim, salvar-se-á, entrara, e achara pastagens”. A salvação e o provimento do alimento necessário para que descansemos nEle são o nosso galardão por passar pela porta estreita. Estar na porta estreita, em Jesus, é entrar em confronto com este mundo perdido, hostil ao Evangelho.



A porta larga


O evangelho que oferece outras opções de satisfações para alma, tirando Jesus do foco, pode ser tido como suspeito. O dinheiro, a fama, a riqueza material em si, podem ser benção, mas não são o objetivo final do Evangelho. Muitas congregações abraçaram esse tipo de conduta e ensinam as pessoas a viverem uma vida de fachada enquanto literalmente "empurram toda a sujeira para debaixo do tapete" - não existe renúncia, arrependimento ou santificação. Você pode extravasar todas as vontades da carne. Basicamente é estar dentro de uma "igreja" sem ser "igreja". Leia sobre essa diferença aqui.


Tendemos em alargar a porta estreita quando toleramos ou somos indiferentes ao pecado que precisa de solução. Não somos isentos de pecar, no entanto, todo pecado precisa ser reconhecido, confessado e perdoado. Quando não buscamos solução para o pecado, caminharemos rumo à apostasia. O pior pecado é aquele praticado consciente e voluntariamente. Hb 10.26 diz: “Se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados”.

Confira esse devocional sobre amizade com o mundo.




"Acautelai-vos quanto aos falsos profetas"








"Acautelai-vos quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas? Assim sendo, toda árvore boa produz bons frutos, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim produzir bons frutos. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e atirada ao fogo Portanto, pelos seus frutos os conhecereis". Mateus 7:15-20


Jesus já estava advertindo os discípulos para o que encontrariam pelo caminho: falsos profetas, falsos mestres, falsos pastores. Leia mais sobre como identificá-los aqui e aqui.

Por mais que lutemos todos os dias contra o pecado, existem duas naturezas no cristão: a natureza carnal, terrena, pecaminosa e a natureza de Cristo, regenerada e apta a herdar a vida eterna.

Ser cristão significa viver em novidade de vida. Nada de remendos ou máscaras. A árvore boa - a natureza regenerada em Cristo - não pode mais produzir os frutos podres do pecado; ao mesmo tempo, uma árvore ruim - a natureza pecaminosa herdada em Adão - jamais poderá produzir bons frutos se não estiver em Jesus.


"Nem todo aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão a mim naquele dia: ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?’ Então lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal". Mateus 7:21-23



O que vemos atualmente é uma corja de árvores ruins produzindo aparentes frutos bons mas que por dentro estão podres: milagres, curas, promessas, "profetadas", "revelamentos", "reteté"....nada disso é fruto de uma natureza regenerada. Cristão que não apresenta o fruto do Espírito (Gl 5:22) não é um cristão genuíno: não passa de um espinheiro. Afinal, a boca vai falar do que estiver transbordando no coração.

O falso mestre vai querer que você seja próspero materialmente...mas jamais vai te ensinar sobre renúncia, perdão, cruz, santidade...ele não quer que você cresça em graça e sabedoria. Ele quer que você seja apenas mais um mendigando bênçãos diante de Deus através de campanhas e votos absurdos. Leia sobre isso aqui.




Onde está o seu alicerce?


"Assim, todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem sábio, que construiu a sua casa sobre a rocha. E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, mas ela não caiu, pois tinha seus alicerces na rocha. Pois, todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, e ela desabou. E grande foi a sua ruína". 
Mateus 7:24-27






A casa na rocha simboliza a pessoa que não só ouve como pratica o Evangelho. É o verdadeiro cristão, a ovelha, que tem como pastor o Mestre Jesus. Quando procedemos assim, estamos sustentados pela rocha que é Cristo, a pedra fundamental, o alicerce (ver Atos 4:11). Os ventos e as tribulações podem até vir, mas nossa esperança estará firmada em Cristo, em quem tudo podemos (Ver Fp 4:12-13)






Por outro lado, a casa na areia simboliza a pessoa que ouve as palavras do Evangelho e não as pratica: ela prefere "seguir o coração", viver de acordo com o curso do mundo, no estilo "deixa a vida me levar". São cristãos de fachada, que trilham o caminho largo onde se "pode tudo" e ostentam uma falsa aparência de santidade. O fim dessas pessoas é a ruína. Porque não existe nada oculto aos olhos do Senhor (ver Lc 12:2 e Hb 4:13).

Conclusão



"Quando Jesus acabou de pronunciar estas palavras, estavam as multidões atônitas com o seu ensino. Porque Ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei". 
Mateus 7:28-29







Jesus veio para revolucionar o ensino hipócrita dos fariseus. Ele trouxe a autoridade de Deus e as revelações do Reino dos Céus aos homens com poder e autoridade. Ele era simples. Ele tinha amor por suas ovelhas e veio para que elas fossem libertas da escravidão e do jugo da religiosidade através da Palavra e do Espírito Santo. Sua autoridade era tamanha que ele afirmava sua concordância total e cooperação perfeita com o Pai, pois trabalham juntos desde a eternidade (João 5:17-18; 12:49; 14:24). Quando apresentou contrastes com os ensinamentos tradicionais, Jesus simplesmente disse: “Eu, porém, vos digo” (Mateus 5:22,28,32,34,39,44; 19:9; Marcos 9:13; João 4:35). Qual homem ousaria elevar sua própria palavra dessa maneira? Existe uma resposta:






Até o próximo estudo!








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